quarta-feira, 31 de agosto de 2011

A dureza do coração do homem



  

Depois de um tempinho de silêncio, volto a escrever para o blog.
Quero hoje fazer uma breve reflexão sobre a dureza do coração do homem.

Mais especificamente, quero falar sobre nossa capacidade, ou melhor, nossa incapacidade de nos comover com as dores de outras pessoas.

Quando eu era adolescente, muitas vezes era taxado como insensível, mas acho que era uma coisa da idade, quando os meninos querem firmar sua imagem como homens, e demonstrar as emoções, pelo menos para mim, não era coisa de homem (hoje vejo como isso é ridículo..)

Acredito que os homens acabam reduzindo sua capacidade de se comover com os problemas dos outros por acharem que seus próprios problemas já são suficientes.

Nossa rotina, o tempo reduzido, a atenção que precisamos dispensar para a família, para o trabalho, não nos permite que dediquemos nosso tão precioso tempo com o sofrimento alheio.

Se existe uma coisa que acaba com o meu dia é notícias sobre sofrimento de crianças. Já pedi para minha esposa que nem comente comigo detalhes sobre casos onde crianças são maltratadas.

         Quando acontece de eu conhecer detalhes desses casos de violência contra crianças, muitas vezes me peguei com lágrimas nos olhos, fico mal o resto do dia. Quem não se comoveu por exemplo com o caso do menino que foi arrastado até morrer durante um roubo de carro? Por isso prefiro muitas vezes nem saber. 

Bem, o que realmente me motivou a escrever esse texto foram na verdade dois fatos.
O primeiro: Ganhei uma bíblia nova no dia dos pais. Nessa bíblia tem uma sugestão de leitura diária. Por curiosidade, abri o texto sugerido para aquele dia, e era o livro de Jonas.

A história de Jonas nós conhecemos desde criança: Deus o mandou pregar em Nínive, ele desobedeceu e tomou outro rumo, veio uma tempestade, ele foi lançado ao mar e acabou engolido por um grande Peixe. Depois se arrepende, ora a Deus e é vomitado (eca!) pelo peixe numa praia.

Essa era a história de Jonas que eu conhecia. 

Mas lendo todo o livro, vi que essa história na verdade é outra. O peixe não é o importante. 

Porque Jonas desobedeceu? Não queria “pagar mico” sendo chamado de doido pelos moradores de Nínive?  Seria simplesmente preguiça? Descobri que na verdade ele não queria pregar em Nínive porque sabia que o povo poderia se arrepender e Deus com certeza os perdoaria e não destruiria mais a cidade. Olha a dureza do coração deste homem!

E mais, depois que ele foi vomitado pelo peixe, ele teve que obedecer e pregou. Realmente o povo se arrependeu e Deus os poupou. O cara ficou feliz, satisfeito? Não!! Quis morrer. Não suportou a misericórdia de Deus para aquelas pessoas. Por ele, todos seriam destruídos por causa de seus pecados.

         No fim da história, Deus deu uma lição em Jonas usando uma planta (leiam para entender melhor) mostrando o valor da vida das pessoas.

O segundo fato ocorreu há alguns dias, quando meu filho e eu assistíamos o jogo Flamengo X Vasco. A gente estava lá, na torcida para o Flamengo, quando o técnico do Vasco passou mal e foi retirado de ambulância, meu filho me olhou, vi que ele ficou meio sem saber o que falar, mas disse meio sem jeito:  “Agora o Vasco está sem técnico, né, pai.. melhor pra gente”

Nesse momento parei de ver o jogo e fui conversar com ele,  explicando para ele que o Futebol é só um jogo, e muito mais importante que um jogo é uma vida humana. 

Sei que o assunto rende, poderia discorrer muito sobre empatia, solidariedade, ação social, mas não é meu objetivo aqui.

O que me valeu foi atentar para o fato que precisamos demonstrar para nossos filhos valores que ficam para toda a vida. Será que todos os pais tiveram essa conversa com seus filhos nesse momento?

Jesus, o grande mestre, a quem sirvo e a quem entreguei o controle da minha vida nos ensina o maior dos mandamentos:

“Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento;  Amarás o teu próximo como a ti mesmo

Peço a Deus que, quando a correria do dia-a-dia fizer meu coração se endurecer, mostre como fez com Jonas: que a vida das pessoas é mais importante que as coisas desse mundo.

P.S. Aproveito para indicar o blog do meu irmão Angelo: www.crendovera.blogspot.com
Agora já somos três blogueiros na família. 
O precursor foi o Eugênio, acessem: www.compartilhandoapalavra.com
 

sábado, 13 de agosto de 2011

DESPRENDIMENTO INTELECTUAL

Amigos,


O Texto de hoje não é meu.
Quem escreveu foi meu irmão, Ângelo, que escreve muito bem, por sinal..


Confiram, e comentem!
DESPRENDIMENTO INTELECTUAL

Todos nós, um dia já ouvimos falar de desprendimento material, o qual representa a idéia de não se preocupar tanto com o dinheiro, com os bens que possuímos, e pior ainda, com aqueles bens que ainda queremos possuir. Muitas pessoas dedicam toda, ou boa parte de sua vida, procurando sempre elevar seu “padrão de vida”. Não que isso seja errado, muito pelo contrario, o dinheiro quando bem administrado  torna-se uma benção, mas a busca exacerbada a qualquer custo, inevitavelmente levara a uma frustração, pois como sabemos tudo é passageiro.
Ultimamente, tenho pensado em um novo tipo de desprendimento, o intelectual. O ser humano tende a interagir com outro através de seu intelecto, o que nos diferencia de outros seres. Com o passar dos anos, vamos criando certos tipos de pré-conceitos em diversos temas, e quanto mais nós conhecemos esses temas, mais difícil é mudarmos de opinião. Quantos já não passaram pela situação, de em se achando o “dono da verdade”, teimamos com outra verdade que nos é apresentada, chegando muitas das vezes, esse conflito de “verdades” se tornarem conflitos pessoais. Isso pode ocorrer em casa, no trabalho, na escola, ou em qualquer outro momento de interação humano x humano.
Desprender-nos de nosso próprio intelecto, nos faz sermos mais cautelosos em falar, e passamos e exercitar o bom hábito de ouvir. É claro que muitas vezes, as outras “verdades” que nos são apresentadas, indubitavelmente não apresentam o mínimo de coerência para poder ser levadas a sério, más o fato de simplesmente ouvir, facilita a interação com outra pessoa, a qual estará mais propícia para também ouvir um argumento diferente.
É como conversar com um corintiano. Para ele, o “timão” é o melhor time do mundo. Não adianta nesse tipo de diálogo, outro recurso a não ser inicialmente ter paciência para ouvir, e em seguida argumentar, que como pode o Corinthians ser o melhor time, sem sequer possuir uma Taça Libertadores em sua sala de troféu. Como podemos ver, nessa argumentação não há coerência para que a proposta apresentada possa ser tida como verdade. Desculpe-me os corintianos.
Por outro lado, temos que estar atentos, pois muitas vezes, argumentos diferentes dos nossos, acabam fazendo muito mais sentido. Certa vez, quando ainda era adolescente, descobri que um rapaz embora de forma frustrada, tentou beijar a força minha namorada, só não logrou êxito por interferência de um amigo. Assim que soube, estava ao lado de um grande amigo, daqueles que estão ao seu lado para o que der e vier, e naquela época não sentíamos as intempéries da idade e do excesso de peso, inclusive praticávamos jiu-jítsu, e logo disse a ele:
- Cara, estou querendo ir ate a casa do fulano, e dar uma surra nele. Vamos?
De imediato ele me respondeu:
- Claro!!!
Eu estava convicto, que naquele momento, a melhor solução para resolver o problema, era dar uma imensa surra no sujeito, e eu poderia fazer, sem medo de apanhar, a certeza da vitoria já pairava na minha imaginação.
Esse meu amigo me pôs dentro do carro, (ele tinha acabado de tirar habilitação) e com dois minutos de percurso ele encostou e me disse:
- Meu amigo, eu estou contigo para o que der e vier. Se quiser ir bater no sujeito, nós vamos, mas antes gostaria de argumentar. O que você vai ganhar com isso? Você acha que a violência é capaz de resolver os problemas? E as conseqüências disso, você já parou para pensar? Os pais dele, os seus pais, os nossos amigos...
Eu fiquei pensando por alguns minutos. Consegui me desprender do que minha mente apresentava como a mais absoluta verdade, e pude comparar a “minha verdade”, com outro argumento, que naquele instante passou a fazer muito mais sentido. Pronto! Acabara de ser persuadido e obrigado a reconhecer que estava errado. Aquelas palavras não foram fáceis de serem ditas, mas consegui:
- Cara, você esta certo, vamos para sua casa tomar um tereré.
Esse é um fato simples, mas com efeitos enormes em minha vida, pois ali comecei a aprender que nem tudo aquilo que pensamos, seja sobre uma determinada matéria, sobre outras pessoas, ou sobre mim mesmo, é a mais absoluta verdade.
O desprendimento intelectual deve ser exercitado alem das relações humanas, mas também em nosso relacionamento com Deus. Muitas vezes limitamos Deus, a nossos conceitos e pré-conceitos, o que nos impede de ver uma verdade muito mais extraordinária do que a nossa, que é a verdade dEle. ´
Em nosso relacionamento com Deus, possuímos muitos argumentos e opiniões, e às vezes chegamos a lutar com Deus, para que nossa própria vontade seja feita. Não aceitamos com facilidade o “não” e o “espera” de Deus, somos imediatistas, e queremos a solução para a nossa luta, de forma mais rápida possível. Isso é normal, pois somos humanos. Quantos de nós, já não tomamos direções sabidamente que não eram orientadas por Deus, e no final, por um motivo ou por outro, descobrimos que aquilo não era de fato o ideal para nossas vidas? 
Nesses casos, para que a verdade  de Deus seja escolhida para um direcionamento segundo a verdade dEle, precisamos aprender a ouvi-Lo. E não é simplesmente ouvir, mas sim, nos desprendermos de nossa própria razão, de nossa própria vontade, abrir realmente o coração para aquilo que ele tem a nos dizer.  Dizer a Ele: Pode falar Senhor, teu servo te escuta!
Quando fazemos isso, podemos entender com maior clareza o texto abaixo.

ICORINTIOS[3]
18 Ninguém se engane a si mesmo; se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para se tornar sábio.
19 Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito:Ele apanha os sábios na sua própria astúcia;
20 e outra vez: O Senhor conhece as cogitações dos sábios, que são vãs.
21 Portanto ninguém se glorie nos homens; porque tudo é vosso;
22 seja Paulo, ou Apolo, ou Cefas; seja o mundo, ou a vida, ou a morte; sejam as coisas presentes, ou as vindouras, tudo é vosso,
23 e vós de Cristo, e Cristo de Deus.
Ou o que dizer dos ensinamentos de Tiago:
"Sabeis estas cousas, meus amados irmãos. Todo homem, pois, seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar" (Tiago 1:19).
Busquemos em Deus esse desprendimento intelectual, para que através disso, possamos melhorar nossa interação com nosso próximo, e acima de tudo, para que possamos estreitar nosso relacionamento com o onisciente, onipotente e onipresente Senhor de nossas vidas.


Ângelo Magno Lins do Nascimento
PIB - DOURADOS